sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Brave new World: livro e música



Dying swans twisted wings, beauty not needed here
Lost my love, lost my life, in this garden of fear
I have seen many things, in a lifetime alone
Mother love is no more, bring this savage back home

Wilderness house of pain, makes no sense of it all
Close this mind dull this brain, Messiah before his fall
What you see is not real, those who know will not tell
All is lost sold your souls to this brave new world...


"Brave New World" / Brave New World / Iron Maiden / 2000





- Não estou contente? - O selvagem olhou-a com ar de censura. Caiu inesperadamente de joelhos diante dela e, pegando-lhe na mão, beijou-a com reverência. - Não estou contente? Ah! Se soubesse! - murmurou. E reunindo toda a sua coragem para erguer os olhos para ela, continuou: - Lenina, como eu a admiro, verdadeiro píncaro da admiração, digna de tudo o que de mais precioso há no mundo... - Ela sorriu-lhe com ternura deliciosa. Oh, tão perfeita (ela inclinou-se para ele, os lábios entreabertos), criada tão perfeita e incomparável (cada vez mais próxima), criada com tudo o que há de melhor em todos os seres... - Lenina estava ainda mais próxima. O Selvagem pôr-se sùbitamente de pé.
- É por isso - disse ele, desviando os olhos - que eu queria primeiro realizar alguma coisa ...Quero dizer: provar que era digno de si. Não que eu julgue vir alguma vez a consegui-lo. Mas queria, pelo menos, provar que não sou absolutamente indigno. Queria realizar alguma coisa.
- Porque acha isso necessário?...
Lenina começou a frase, mas não a acabou. Havia uma nota de irritação na sua voz. Quando nos inclinámos para diante, cada vez mais perto, os lábios entreabertos, para nos vermos de repente e sem mais nem menos, enquanto um pateta imbecil se levanta, inclinados para um lugar vazio, meu Ford, tem-se razão, para estar sèriamente contrariada. 
- Em Malpaís -gaguejou o Selvagem em tom incoerente - era preciso trazer a pele de um leão das montanhas, quero dizer, quando se queria casar com alguém. Ou então um lobo. 
- Mas não há leões na Inglaterra - objetou Lenina com voz quase cortante. 
- Mesmo que os houvesse - acrescentou o Selvagem, com um ressentimento brusco e desdenhoso-, seriam destruídos com gases tóxicos ou qualquer coisa do género lançada de helicópteros. Mas eu não farei isso, Lenina! - Atirou o peito para a frente, animou-se a olhá-la e cruzou-se com o seu olhar de incompreensão contrariada. - Farei tudo - continuou com crescente incoerência -, tudo o que me ordenar. Existem jogos dolorosos, como sabe. Mas a dificuldade realça-lhes as delícias. Eis o que sinto. Quero dizer que, se me ordenasse, varreria  chão. 
- Mas nós aqui temos aspiradores - observou Lenina, assombrada-, e isso não é necessário.
- Não, já se vê que não é necessário. Mas há algumas coisas vis que se suportam nobremente. Eu quisera suportar qualquer coisa nobremente. Não me compreende? 
- Mas desde que existem aspiradores...
- Não é essa a questão.
- E Epsilões semiabortos para os fazer funcionar - continuou ela. - Assim, na verdade, porquê?
- Porquê? Mas por si, por si, por si! Apenas para provar que eu...
- E que relação poderá existir entre os aspiradores e os leões?...
- Para lhe provar quanto...
-Ou entre leões e o facto de estar contente por me ver?
Ela exasperava-se cada vez mais.
- Como eu a amo, Lenina - conseguiu ele dizer, quase em desespero de causa.

Brave New World / Aldous Huxley / 1932

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