domingo, 28 de setembro de 2014

Para os problemas de memória

Preocupado que tenho andado, com os graves problemas de memória do nosso querido primeiro-ministro, que coitado, não sabe se há quinze anos recebia ou não cinco mil euros da Tecno-qualquer-coisa-para-sacar-uns-belos-subsídios-e-fugir-ao-fisco, nem se estava ou não em regime de exclusividade na assembleia da república, deixo-lhe aqui uma receita infalível para o problema que o aflige.

Memória:

Função que possibilita conservar e relembrar os acontecimentos passados. O seu enfraquecimento pode ser devido a numerosas causas, a mais comum das quais, é o envelhecimento. 

Uso interno:

Tomar 3 chávenas por dia, 10 dias por mês, durante 3 meses:
- Infusão de alecrim: 30g de sumidades floridas para 1L de água fervente, infundir 10min e coar.


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- Infusão de melissa (erva-cidreira): 30g de sumidades floridas e de folhas para 1L de água fervente, infundir e coar.

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Tome senhor primeiro-ministro, são plantas, é uma coisa natural, vai ver que lhe vai fazer muito bem à memória. As suas melhoras. 

sábado, 27 de setembro de 2014

Escravatura do tempo

02h16... Sem conseguir dormir.

Estou em crer que a primeira forma de exploração e de escravatura do ser humano, começou com o tempo, com a necessidade de medir o tempo, com as religiões e com a necessidade de ocupar o tempo, porque aos seus olhos o ócio é maligno.

Mas curiosamente todos os outros animais não têm relógio, não têm horas marcadas, seja  para se levantarem, para comer ou para fazer o que quer que seja. Têm um único referencial, o sol e a luz ou a falta dela. Os diurnos, quando se faz dia é tempo de acordarem e fazerem-se à vida, os noturnos pelo contrário, é quando a luz desaparece que entram em atividade. 

O homem é escravo do tempo, e o tempo foi a primeira forma de capitalismo. Por alguma coisa se diz que "tempo é dinheiro". Arranjou-se forma de medir o tempo, e hoje somos escravos de outrem, durante um determinado tempo, que por norma são oito horas por dia, quando não são mais.

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O dia tem 24h, e em média passamos 8h na cama, seja a dormir, a descansar, ou simplesmente a fritar na cama sem sono. Se lhe juntarmos as dez ou onze horas dedicadas a ser escravo de outra pessoa, porque não são só as 8h de trabalho, temos também de juntar o tempo que perdemos na viagem e no almoço - ficamos com quê? Cinco ou seis horas por dia de tempo útil? Tempo que não é verdadeiramente útil pois chega-se a casa cansado e com outras coisas para fazer, e também é preciso descansar para poder voltar a ser escravo no dia seguinte. 

Voltei a trabalhar - e que sorte que tive nestes tempos, de poder a voltar a ser escravo para poder voltar a ter dinheiro para sobreviver - mas isso paga-se caro, muito caro, pois passa-se a ser escravo da falta de tempo. Há muito tempo que não dizia "não tenho tempo para mim".

Sim, um solteiro, sem namorada, nem filhos, e com a vida facilitada por ainda estar em casa dos pais,  e chegar a casa e ter a comidinha na mesa, também se queixa da falta de tempo. 

Por estes dias pensava mesmo onde é que eu ia agora arranjar tempo para uma namorada? Se já não tenho tempo para nada, para mim e para as minhas coisas, onde iria arranjar esse tempo para me dedicar a outra pessoa? E se vivesse junto com alguém e tivesse filhos como a maioria das pessoas? 

É tudo cada vez mais rápido. As próprias crianças já não aceitam um telemóvel com software lento, queixava-se uma colega por estes dias no trabalho. É de pequenino que nos dias de hoje, as crianças aprendem a ser escravas da falta de tempo.

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Cada vez mais se inventam mais máquinas para fazer as coisas ainda mais depressa, e paradoxalmente as pessoas têm cada vez menos tempo para si. Agora temos carros e aviões, assim podermos ir trabalhar cada vez mais longe de casa; tele-comandos para não precisamos de levantar o cu do sofá para mudar de canal, estores e portões elétricos, máquinas que fazem a comida sozinhas, etc, e as pessoas ficam fascinadas com tudo isso. Mas qual a utilidade de tudo isso? No fim de contas, como é que aproveitam todo esse tempo que essas maquinetas poupam? Ninguém diz que, com o telemóvel mais rápido que comprou, aproveita esse tempo a ler ou a fazer algo do seu interesse. Não, pelo contrário, aproveitam esse tempo sendo ainda mais escravas do tempo, correndo ainda mais de um lado para o outro, com cada vez menos tempo para si.

Cada vez mais as pessoas são mais pobres, porque a verdadeira riqueza é ter tempo para fazer o que realmente se quer. Ninguém pode ser verdadeiramente feliz vivendo acelerado de um lado para o outro, mas aprendem desde pequenas que sim. Cada vez mais as pessoas têm de trabalhar mais tempo e mais anos - culpa-se a esperança média de vida - para assim nos escravizarem a trabalhar até morrermos.

"A espécie de felicidade de que preciso, não é tanto fazer o que quero mas a de não fazer o que não quero." (Jean-Jaques Rousseau)

Não há tempo para as pequenas coisas, para observar os pequenos nadas, não há tempo para ver e ouvir os outros, e para se ocupar o tempo, mesmo que muitas vezes seja não fazendo absolutamente nada. 

Outro efeito secundário da escravatura da falta de tempo, é começarmos a ter problemas de sono.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Dica para vender a casa

Quer melhorar as hipóteses de vender a sua casa? Então suba-lhe o preço!
Já aqui tinha falado, quando abordei os sites de vendas, que, ao contrário do que se pensa, muitas vezes a melhor forma de vender algo, não é baixar o preço, mas sim aumentá-lo!

Ainda hoje me contaram (fonte privilegiada) acerca de um empreendimento novo, com apartamentos a 400 mil euros, e que estavam a demorar a vender. Então o que dono fez? Subiu o preço para 500 mil euros e vendeu logo quase tudo, com pagamentos a pronto, e em dinheiro para "lavar mais branco". 

Se é barato é porque não presta, se é caro é porque é bom, é inacessível, não é para qualquer um, logo torna-se mais apetecível e desejável. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Eu sou mais info-excluído que tu

Fim-de-semana passado, mais um encontro com alguém desconhecido, fruto de uma troca comercial de um conhecido sai-te da especialidade. Ao longo dos anos são já centenas os encontros deste tipo que tive, e nunca sabemos quem nos sai da rifa do outro lado. Desta vez saiu-me um casal muito simpático, um pouco mais velho que eu, com quem, como quase sempre, acabei por ficar um pouco (demais) à conversa.

Conversa vai conversa vem, e eu digo que devo ser o último português sem Facebook/Twitter, ao que o senhor contrapõe:

- Mas você não me ganha. Eu não tenho telemóvel!

Mas pensando bem, também eu hoje poderia não ter telemóvel. Não deixa de ser curioso que eu em tempos afirmava convictamente, que também nunca havia de ter tal coisa, até que, e nunca devemos dizer nunca, fui aterrar no maior fabricante mundial da coisa. E se ainda resisti durante mais de um ano, depois começou a tornar-se complicado resistir por dois motivos. Por um lado era o chefe que me impelia a ter uma coisa dessas, pois às vezes poderia ter de me ligar (podia sempre escrever-me uma carta ou então fazer sinais de fumo!) por outro, era viver e respirar radio-frequência oito horas por dia (quando não eram dez ou onze e sábados também). 

"Litle children" (Pecados íntimos 2006)


Por estes dias, na cantina, dois colegas de trabalho, um explicava ao outro, o funcionamento básico do novo telemóvel-bugiganga-nova-maravilha-que-só-falta-tirar-cafés-e-dar-orgasmos, e afirmava o entendido "também ainda há uns meses dizia que não precisava nada de uma coisa dessas, mas depois quando temos é que vemos o jeito que isso dá". 

Caro colega, tenho para mim que é mais ao contrário, é quando deixamos de ter as coisas que nos apercebemos que afinal elas são completamente supérfluas, dispensáveis e não nos fazem falta nenhuma. É precisamente quando deixámos o telemóvel em casa, que nos apercebemos que o nosso mundo não deixou de existir, continua tudo no mesmo sítio, e afinal nem nos fez falta nenhuma, porque se calhar ninguém nos telefonou ou mandou mensagem-super-urgente-a-precisar-de-resposta, até porque as urgências são no hospital.

E isto leva-me à questão da televisão. Desde janeiro que deixei de ter e não sinto falta absolutamente nenhuma. E a propósito meu caro senhor, você não tem telemóvel mas eu não tenho televisão, ainda assim quer-me parecer que sou eu a ganhar em info-exclusão!

domingo, 14 de setembro de 2014

Iron Maiden para Coelho e Portas

Passava hoje pela feira medieval de Leça do Balio, que parece que também mudou de nome (ao menos parece que não tem borboletas) e seguiu também a moda da cobrança de entradas - e deparo-me com uma exposição (a mesmíssima exposição - boceeeejo - de todos os anos) de reproduções de artigos de guerra e objetos de tortura, e observava a beleza de uma peça em particular. 

De imediato me surge o pensamento que, com jeitinho, se conseguia meter o Portas e o Coelhinho ali dentro.... Já agora, se ainda sobrasse espaço podia-se também ainda convidar o Camilo Lourenço a entrar...

Portas, Coelho: Olha ali dentro o milagre económico!...Puuuum!

... e fechar-lhes a porta!

E porque não criar uma espécie de cavalo de Tróia, em formato "dama de ferro" gigante, convidar um sem número de gente a entrar lá para dentro, e encerrá-los lá para todo o sempre?! 

Quanto à feira, seja com o nome antigo, ou a "nova" feira com o novo nome, é para não repetir.



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O elogio ao hospital público

Consulta marcada para as 12h30 no Hopital Santo António no Porto. O relógio da parede marcava 12h25 quando o médico abre a porta da sala 212, e chama pelo meu nome, precisamente cinco minutos antes da hora marcada. 

Porque também é preciso dizer bem, e porque é muito mais difícil elogiar que reclamar do que está mal. Porque este governo dos partidos de direita tudo tem feito para matar o Sistema Nacional de Saúde (que até votaram contra ele há mais de trinta anos) mas ainda assim há hospitais que contra todas as adversidades ainda vão funcionando bem. Desde que a minha zona de residência mudou para este hospital, que eu só tenho a dizer bem da forma como funciona este hospital público.

Quanto ao governo, terá de se esforçar ainda mais por fazer ainda mais estragos ao que é de todos, para levarem ainda mais clientes para os amigos da saúde privada. Curiosamente, isto aconteceu quando no mesmo dia, dizia-me a minha mãe: "estou farta de clínicas privadas e de médicos chupistas".

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Aproveitar a vida

Segunda pessoa que recentemente, primeiro uma mulher, hoje um homem, os dois a fazer pela mesma idade, que me diz, que tem pena de não ter vivido (ainda) mais no passado. E essa resignação faz-me alguma confusão, afinal as pessoas ainda estão vivas e podem viver tudo o que quiserem já hoje. Eu diria que, não deixes para amanhã o que podes viver hoje, nem penses no que poderias ter vivido, porque o passado já foi, não volta. Viver é o presente, e nem vale a pena fazer grandes projetos para o futuro, porque no futuro muito próximo estaremos todos mortos, nem vale a pena suspirar por um passado do qual só nos restam recordações que aos poucos vão sendo diluídas no tempo.

Para quê pensar que queriam, como no caso que me contavam hoje, ser transportado para o ano 2000 e saber o que se sabe hoje? Isso não faz qualquer sentido. A vida é feita de experiências, de aprendizagens e de erros, e de escolhas, mas a qualquer momento também podemos mudar tudo e inverter o rumo as coisas, afinal somos nós o timoneiro do nosso destino. O passado não se apaga, o que está feito está feito, e perder tempo a pensar no que poderia ter sido, quando se pode hoje mesmo estar a viver da tal forma que se acha que se deveria ter vivido parece-me uma perda de tempo.


via Pinterest

Ou então talvez as pessoas achem que há um tempo certo para "aproveitarem a vida". Pronto agora já tenho mais de trinta anos, ou estou casado, já tenho de viver uma vidinha estúpida!" Isto faz-me lembrar da minha avó materna quando me dizia "já não tens idade para isso" como se existisse uma idade própria para isto ou aquilo, como se tivéssemos de nos preocupar com o que os outros vão pensar de nós. E é isso que eu acho, que as pessoas perdem demasiado tempo a viver em função dos outros, e a não fazer o que realmente querem. 

E porque será que eu fiquei com a clara ideia ideia, que em ambos os casos o "não ter aproveitado mais a vida" foi "não ter pinado mais"? Conclusão a retirar: Aproveitar a vida é pinar!

domingo, 7 de setembro de 2014

Registo Nacional de Ministras com cara de Aborto

Depois da canalha fascista deste governo, que não sabe nem faz a mais pequena ideia do que é um Estado de Direito democrático, se preparar para fazer listas de cidadãos que cometeram um crime mas que cumprirem a sua pena e como tal têm os mesmos direitos e a mesma presunção de inocência que qualquer outra pessoa, e pretenderem divulgar os dados dessas pessoas, eu vinha então sugerir uma outra lista. 

Sugiro ao senhor primeiro-ministro - depois da demissão do Relvas agora é o Paulo Portas que manda não é? - que se sinalizem todas as ministras com cara de aborto que por aí andam no governo, para que eu e todas as pessoas de bem, possam antecipadamente prevenir-se e fazer algo para se defenderem, nomeadamente manterem-se o mais longe possível dessas criaturas demoníacas. 

Tal como diz a ministra da justiça, os cidadãos têm o direito de se proteger, e proteger principalmente as suas crianças da visão horripilante de uma ministra com cara de aborto. As ministras com cara de aborto são um grave  perigo para a sociedade, pois ao olharmos para a cara de uma, poderemos ficar com uma sensação de enjoo com efeitos persistentes. Agora imaginem os efeitos que isso pode ter numa criança, que ainda não tem as suas defesas consolidadas. Registo Nacional de Ministras com cara de Aborto Já! Se calhar não seria má ideia fazer já uma petição.