sábado, 1 de novembro de 2014

Outra vez a conversa dos piropos

De tempos a tempos parece que não há nada mais importante para se discutir na sociedade portuguesa que banalidades sem a mínima importância. Estamos em novembro e os putos não têm professores; a justiça, por culpa da ministra com cara de aborto não funciona há meses; foi aprovado mais um orçamento que vai roubar mais e mais dinheiro a quem trabalha e a quem menos tem para meter no cu dos mais ricos; mas vamos lá discutir se mandar umas bocas mais ou menos engraçadas deveria ser crime. 

Nesta história toda mais recente, o que mais me surpreendeu, é que por cá quem tenha puxado o assunto primeiro tenha sido o Bloco de Esquerda. Se fosse um qualquer partido da direita conservadora, que apoia este governo fascista, fazia todo o sentido, pois é preciso lançar cortinas de fumo, é preciso que se fale de assuntos completamente irrelevantes e ridículos, para que não se fale do que é verdadeiramente importante.

Mas depois de Sócrates, de forma sagaz, ter esvazio politicamente os temas "fraturantes" deste partido, como a questão do abordo e do casamento homossexual, o partido como que implodiu. E agora? Que vamos reivindicar? E pronto, no ano passado uma militante qualquer, lá teve a brilhante ideia de vir falar na criminalização do piropo.

Agora parece que surgiu para aí um vídeo qualquer (mais um!) com uma mulher a passear-se na rua e a ouvir muitas bocas. Nem quero imaginar o desconforto que deve ser. Ainda ontem, até a Fernanda Câncio no seu artigo Boas todos os dias escrevia no DN que, ela mesma, logo aos 12 anos ouviu o seu primeiro piropo. Um homem mais velho disse-lhe ao ouvido "lambia-te toda". 

Pois é Fernanda, mas o piropo não é exclusivo das mulheres, também eu que posso assegurar que sou homem, ouvi muitos piropos quando era mais novo. Não lembro qual foi o primeiro, mas lembro talvez do mais arrojado. Passava e frente à Estação de São Bento no Porto, e uma senhora mais velha que eu, mandou a seguinte boca "Dou-te cinco contos se me fizeres um minete". 

Obviamente que fiquei extremamente chocado, Por quem me tomava aquela senhora? Que me deixo vender assim? Pensa que a minha língua é uma qualquer e está aí para alugar durante uns minutos para lamber secreções vaginais alheias? Claro que esta senhora deveria ser presa e emparedada para o resto dos seus dias! Criminalize-se o piropo já!

Meus caros, tudo na vida gira em torno do sexo e cada um expressa-se da forma que sabe ou que pode, tal como uns escrevem melhor que outros. Claro que existem comentários que não lembram ao diabo, mas quem não os quer ouvir pode ser sempre sair à rua de tampões, ou então meter um auriculares e ouvir música. 

- Que é que querem criminalizar a seguir? Comer com a boca aberta? Arrotar? Cuspir para o chão?

Dêem melhores condições às pessoas, tratem de educar as crianças e tratar os professores com respeito, pois com boa educação, passaremos a ter adultos a mandar piropos literários. E aí o mulherio já ficará todo contente, continuará a ser assediado sim, mas com classe!

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