segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O mestre

Andava eu este domingo nas traseiras da casa, sozinho, nos meus trabalhos de fim-de-semana, quando fui ligar um pequeno rádio, outrora despertador, para ouvir qualquer coisa, e enquanto passava pelas emissoras, de repente ouço a voz do Júlio Machado Vaz. De imediato sintonizei a estação, coloquei o volume no máximo, para que conseguisse ouvir, e lá fiquei a ouvi-lo ao longe enquanto trabalhava.

Sempre tive o hábito de ouvir rádio, hábito que terei herdado de meu pai. E na maior parte das vezes, prefiro ouvir algo que possa aprender, que propriamente ouvir a musiquinha, muitas vezes de qualidade duvidosa que passam.

Teria eu uns quatorze ou quinze anos, quando também certo dia, descobri um programa na rádio, com um senhor a falar "daquilo". Naquele tempo sexo era tema tabu, e seria este mesmo senhor, que anos mais tarde, teria mesmo o primeiro programa a falar abertamente sobre sexo na televisão, o Sexualidades, que também rapidamente acabou de ser recambiado para um horário impróprio à maioria das pessoas, que, ou tinham de estudar ou trabalhar, porque isto de se falar de sexo na televisão era uma pouca vergonha!



Naquele programa da rádio Nova, o "Sexo dos Anjos", aprendi muita coisa. Há muitos anos que se fala da necessidade de haver a disciplina de educação sexual nas escolas, nem faço ideia se já existe ou não, mas estou em crer que o "Sexo dos Anjos" foi a minha disciplina de educação sexual, ministrada pelo professor Júlio Machado Vaz.

Mas não se pense que o programa falava só sobre sexo. Falava de sexo sim, mas abordava de tudo um pouco. Amor e relações, cenas de filmes, livros, até de futebol se falava, principalmente do Benfica claro, a perdição do professor que nasceu no Porto, e ainda respondia às cartas dos leitores. 



E foi ainda sem ter nenhuma experiência no campo sexual, que aprendi pela boca do sexólogo e psiquiatra, que as mulheres não são como os homens. Enquanto os homens são a gasolina, elas são a gasóleo, e é preciso saber esperar, aquecer-lhes bem o motor primeiro, e não fazer arranques demasiado rápidos, para que consigamos retirar dali a melhor performance possível. 

"É preciso saber em que botões carregar!"

Pois é, mas ó professor, olhe que eu na prática vim a aprender que nem sempre é assim! Nem sempre podemos generalizar como bem sabe, e melhor que eu. E eu entretanto aprendi, que nem sempre é com muitas delicadezas que lá chegamos. Às vezes, o que algumas querem mesmo, é que não percamos muito tempo com demasiadas atençõezinhas, querem mesmo é que lhes saltemos para cima, façamos arranques bem rápidos e violentos e deixemos o ponteiro sempre colado com as rotações no vermelho!

Mas ao ouvi-lo este domingo, como que fui transportado no tempo, para aqueles outros domingos, em que o ouvia, sempre, religiosamente, e apreendia os seus ensinamentos. Naqueles tempos o Sexo dos Anjos deu-me muita teoria. A prática, essa chegaria bem mais tarde. 

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